segunda-feira, maio 21, 2012

Parque Biológico de Gaia


 

Situado na periferia da cidade de Vila Nova de Gaia, freguesias de Avintes e Vilar de Andorinho, o Parque Biológico estende-se pelo vale do rio Febros, um afluente da margem esquerda do Douro, em cuja proximidade se disseminam velhas casas rurais, moinhos e engenhos de buchas.

Os troços da magnífica paisagem de que ainda hoje podemos fruir são o fruto da acção do Homem sobre a natureza, na sua busca de melhores condições para a agricultura, a criação de gado, a moagem e, em geral, para todas as suas actividades.

Durante séculos, quem por aqui se deteve – por exemplo as gentes que ergueram a Mamoa de Lijo (dólmen descrito num documento de 1116, localizado perto do Parque Biológico e hoje desconhecido); que construíram o Castro do Guedes (aldeia fortificada pré-romana, localizada a 500 m do Parque); que povoaram a "villa abientes" doada por D. Gundesindo ao Mosteiro da Lavra no ano de 897; que demandaram Santiago de Compostela pela "Estrada de Viseu" (a qual cruza o Parque) – procedeu ao arroteio dos bosques e florestas, à construção de muros e socalcos, à abertura de minas e poços, à modelação e fixação do leito do rio Febros para a instalação de moinhos, e à substituição das espécies vegetais originais por outras com maior interesse agrícola ou florestal.

A altitude do Parque varia somente entre os 47,8 m e os 98 m e o seu relevo é em grande parte artificial, uma vez que os antigos lavradores armaram o terreno em socalcos.

Do ponto de vista climatológico, o Parque Biológico situa-se numa região de clima geral marítimo-atlântico, caracterizado por um Verão fresco e um Inverno agradável, e uma precipitação superior a 1000 mm. As brumas são frequentes, mesmo no Verão, e ar é bastante húmido todo o ano.

O Parque está contudo situado numa zona microclimática parcialmente protegida dos ventos atlânticos pela sua baixa altitude e pela presença de uma pequena montanha (Monte da Virgem, 233 m); os sinais de clima continental fazem já notar-se, através de temperaturas mais extremas do que no resto da região.


Parque Biológico: memorial do espaço rural e zona de lazer
A boa aceitação que o Parque Biológico tem junto da população urbana e suburbana da região reside no facto de ele constituir um memorial do espaço rural anterior à urbanização e, nele, os visitantes, muitos originários desse mesmo mundo, encontrarem as referências da juventude.

Assim sendo, o Parque desempenha uma das mais importantes funções das zonas verdes, o contacto com a natureza fonte de equilíbrio psicológico.
Esta função é potenciada pela aparente desorganização espacial do Parque, resultante da recusa do modelo de jardim ou parque formal.

De facto no Parque Biológico procura-se preservar a paisagem típica da região, ao tempo em que ela era essencialmente um grande espaço agrícola.
Os elementos dessa paisagem – as bouças, os campos de cultivo, os caminhos vicinais, as casas rurais, os moinhos, o ribeiro, os muros, as noras, os açudes, a fauna selvagem e a flora espontânea, o homem e a sua cultura – estão representados no Parque Biológico e são preservados e explicados ao visitante que ali revê o moinho da sua infância ou a poça de água do ribeiro onde aprendeu a nadar.

Da compreensão dessa paisagem e da comparação com a envolvente próxima, rur-urbana e urbana, resulta uma maior sensibilização para os problemas do ambiente.

No Parque Biológico, mais importante do que aprender o nome das árvores ou das aves, é perceber o contraste, largar a estrada e entrar nos caminhos, deixar para trás o barulho dos carros e ouvir os pássaros e o marulhar do rio Febros e, após uma hora ou hora e meia de mergulho no mundo que estamos a perder, regressar de chofre à confusão de uma movimentada cidade.

Assim se abrem os olhos e os espíritos para a necessidade de planear o território, de manter amplos espaços verdes nas cidades, de proteger os rios, a fauna, a flora, a construção tradicional, todo um conjunto de valores referenciais da nossa civilização.

A educação ambiental é um processo de cativação e envolvimento do cidadão na resolução dos problemas ambientais que afligem a Humanidade; uma boa maneira de começar esse processo é pela demonstração das contradições da grande cidade, e do que isso significa para cada um de nós em termos de qualidade de vida.

































1 comentário:

  1. Olá Manuel!
    Primeiro quero te agradecer pelo Banner do meu blog colocado linkado no seu. Obrigado mesmo!
    Já coloquei seu blog entre os meus indicados.
    Quanto ao Douro Vinhateiro, obrigado pela dica. Vou buscar fazer um post sobre este local. Já inciei minhas pesquisas.
    Abraço forte!

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