Um médium não pode cobrar e nem receber coisa alguma como
pagamento de seu trabalho na nossa Doutrina. Nem, sequer, um simples
agradecimento, porquanto tudo o que faz, que realiza, é pelas energias que os
Planos Espirituais lhe concedem, sendo ele apenas um instrumento dessa
grandeza.
Deve evitar, quando se desloca a lares e escritórios para a
realização de um trabalho especial, lanches e refeições.
O seu trabalho já é plenamente recompensado pelo que recebe
da Espiritualidade, suavizando seu carma.
Jamais devemos afrontar um Espírito de Luz com a tão usada
frase “Deus lhe pague!”, porque a Espiritualidade trabalha com amor, dedicada
na caridade e na misericórdia, sendo, também, instrumento do poder de Deus Pai
Todo Poderoso, cuja Força e Luz se propagam através dessas Entidades, chegando
até nós e se colocando ao nosso dispor para a ajuda aos nossos irmãos
encarnados e desencarnados.
Não há pagamentos – só amor, amor incondicional, que jamais
poderá estar ligado a qualquer forma de pagamento, nem na Terra, nem no Céu.
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“Pai Juvêncio e Zefa eram os únicos que tinham
coragem de ir até a um lugarejo por nome Abóbora.
Certa vez, chegando na entrada da cidadezinha,
encontraram uma menina, meio desacordada, nos braços da mãe.
Pai Juvêncio chamou Zefa e cochicharam nos
ouvidos da menina e a benzeram, retirando aquele espírito, e a menina ficou
boa.
Tânia, a mãe da menina, deu algumas frutas como
pagamento da cura, pedindo desculpas por não ter mais nada.
Pai Juvêncio e Zefa comeram as frutas, trataram
de negócios em Abóbora, e voltaram para a fazenda.
Felizes, chegaram em casa, mas, ao atravessar a
soleira da sua porta, suas barrigas começaram a doer, a doer tanto que chamaram
Vovó Cambina da Bahia. Mas nada fazia passar aquela dor.
Uma porção de conjecturas: seria veneno? As
desinterias pioravam e as dores aumentavam.
“Pobrezinhos - dizia Pai João -. Resolveram
tantas coisas boas para nós! Deve ser alguma provação, Deus testando seus
corações...”
Todos já estavam ao redor da fogueira, aguardando
que melhorassem, quando Jurema, que estava ao lado de Pai Zé Pedro, se levantou
bruscamente. Apontando para os dois, que estavam abaixadinhos na roda da
fogueira, gemendo de dor, disse:
- Eles comeram prenda ganha pela sua caridade!
Pena Branca não quer que a gente ganhe nada em troca do que se faz na Doutrina.
Vovô Agripino lhes disse que a gente só aprende com o espinho fincando na
carne. É, Pai João, todos nós temos um
espinho na carne!...
- Oh, meu Deus! - gritaram os dois em uma só voz
- Sim, estamos conscientes!
Vovó Cambina já estava chegando com uma cuia de
chá. Eles tomaram e contaram o que havia se passado em Abóbora.
Todos abraçaram os dois por sua ação, mas
entenderam a lição: Juvêncio e Zefa haviam comido prenda pela caridade que
fizeram... Sim, receberam pagamento e Pena Branca não gosta nem de presentes e
nem que se cobre pela caridade que se faz!
Zefa e Juvêncio passaram mais três dias com dor
de barriga. Tudo foi alegre, e passou.
Eufrásio, que agora era conselheiro do grupo,
achou muito importantes dois fatos: primeiro, Pena Branca não aceitar pagamento
pelo trabalho mediúnico e, segundo, a denúncia de Jurema que, em sua
clarividência, viu o que se passou. O pobre casal fora lesado por suas mentes
preguiçosas.” (Tia Neiva, 7.3.80)