sábado, julho 25, 2015

Iphan quer Vale do Amanhecer como Patrimônio Cultural Brasileiro



Depois de inventariar todas as obras de Oscar Niemeyer, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) parte para uma nova cruzada da qual começa a obter os primeiros frutos. O Inventário Nacional de Referências Culturais do Vale do Amanhecer, que a Superintendência do Iphan no Distrito Federal acaba de lançar, aponta para um novo caminho: o órgão quer mapear a cultura imaterial da região para propor, no futuro, um registro no livro dos lugares do Patrimônio Cultural Brasileiro. O Vale do Amanhecer e os terreiros de Brasília são os primeiros da lista.

Durante dois anos, um grupo de pesquisadores, formado por antropólogos e historiadores do Iphan, debruçou-se sobre a história e a organização do Vale do Amanhecer com a intenção de produzir um documento que servisse como registro detalhado das atividades iniciadas por Tia Neiva nos anos 1960. Dividido em três capítulos, o livro é o que Alfredo Gastal, superintendente do Iphan no DF, aponta como uma tentativa de driblar preconceitos e celebrar a diversidade cultural brasileira. “Ficar só falando da produção da elite é um pouco de alienação. Uma das funções que temos no Iphan é não nos atermos a uma religião ou seita específica”, diz. “E queríamos que o livro fizesse uma avaliação do ponto de vista acadêmico, mas que não fosse maçante, chato, para que um leigo pudesse entender. Essas manifestações populares, democráticas e espontâneas merecem ser registradas porque têm um impacto enorme.”

Segundo a pesquisa, o Vale do Amanhecer é a primeira manifestação religiosa nascida com a capital e se inscreve numa tradição mística que ronda Brasília desde antes da construção. No fim do século 19, o sonho de Dom Bosco anunciou ser esta a terra do leite e do mel. Já o mestre Yokanaam trouxe para cá sua Cidade Eclética antes de JK iniciar as obras, e o francês Pierre Weill criou, com anuência do estado, a Universidade Holística na Cidade da Paz (Unipaz). Mas, quando Neiva decidiu comprar a xácara para nela instalar a comunidade do Vale do Amanhecer com sua complicada estrutura hierárquica e doutrina construída com base em referências cristãs, espíritas e até orientais, ainda não havia por aqui nenhuma manifestação cultural-religiosa nascida com a cidade. “Entendemos o Vale do Amanhecer como uma espécie de ícone dessa Brasília mística”, explica o antropólogo Marcelo Reis.

A primeira etapa de pesquisa para o livro se concentrou no reconhecimento das particularidades culturais da comunidade. Em seguida, a equipe trabalhou na identificação das referências para depois documentar, com entrevistas com os membros mais antigos e pioneiros, a memória do vale. Tia Neiva ganhou um capítulo especial, já que não há como dissociá-la da razão de ser da comunidade. “Criador e criatura são indistintos. Ela é a grande matriz fundadora desse universo religioso”, explica Marcelo.

CLARIVIDENTE DE FIBRA

Neiva Zelaya chegou ao Planalto Central em 1957. Viúva, aceitou o convite do padrinho de casamento, Bernardo Sayão, para ajudar nas obras de construção da cidade. Neiva já carregava uma bagagem surpreendente. Perdeu o marido aos 24 anos e, contra a vontade da família, decidiu criar os três filhos sozinha. Primeiro, montou um Cine Foto e começou a trabalhar como fotógrafa e laboratorista no interior de Goiás, mas as químicas usadas na revelação lhe causaram problemas respiratórios e Neiva trocou o comércio por uma xácara. Cuidou sozinha do cultivo até perceber que o trabalho era pesado demais. Vendeu a xácara e comprou um caminhão.

Foi como caminhoneira e motorista de ônibus, função que exerceu por um tempo em Goiânia, que Neiva chegou a Brasília, onde teve as primeiras visões que a tornaram conhecida como clarividente e a levaram aos arredores de Planaltina para fundar o Vale do Amanhecer. Durante os anos 1970 e 1980, a doutrina chamou atenção no país e Tia Neiva passou a frequentar a média com certa assiduidade. Conhecido como local de tratamento espiritual, mas também de visões e previsões, o Vale atraía olhares e adeptos curiosos. Tia Neiva recebia políticos e personalidades e costumava ser convidada para realizar previsões em programas de televisão.


Após sua morte, em 1985, o interesse pelo Vale diminuiu. Com o crescimento urbano, o que era uma comunidade isolada acabou por se mesclar a cidades vizinhas e a conviver com outras manifestações religiosas. Hoje, o Vale divide espaço com templos evangélicos e igrejas católicas. “O inventário é um grande reconhecimento da nossa relevância”, constata Jairo Zelaya, neto de Tia Neiva. “Sempre houve uma visão deturpada, carregada de preconceito, e esse livro traz uma sistematização muitíssimo detalhada do que é o Vale do Amanhecer. Os trabalhos acadêmicos sempre abordavam um tema circunscrito e esse trabalho do Iphan é o mais amplo já feito sobre o Vale.”

Ser Espírita





sexta-feira, outubro 31, 2014

Outono lindo

Vai-te ao longo da costa discorrendo,
e outra terra acharás de mais verdade,
lá quase junto donde o Sol ardendo
iguala o dia e noite em quantidade.
Ali tua frota alegre recebendo,
Um Rei, com muitas obras de amizade,
Gasalhado seguro te daria
E, pera a Índia, certa e sábia guia.”

Sussurrava o deus Mercúrio em sonhos a Vasco da Gama: que fugisse de Mombaça e se acercasse de Melinde, mais norte e próxima do equador onde o dia iguala a noite, guiando-o prá Índia. Lusíadas, canto II, estância 63.



sábado, outubro 04, 2014

Avance Sempre






Avance sempre

Na vida as coisas, às vezes, andam muito devagar.

Mas é importante não parar.

Mesmo um pequeno avanço na direcção certa já é um progresso, e qualquer um pode fazer um pequeno progresso.

Se você não conseguir fazer uma coisa grandiosa hoje faça alguma coisa pequena.

Pequenos riachos acabam convertendo-se em grandes rios.
Continue andando e fazendo.

O que parecia fora de alcance esta manhã vai parecer um pouco mais próximo amanhã ao anoitecer se você continuar movendo-se para frente.

A cada momento intenso e apaixonado que você dedica a seu objectivo, um pouquinho mais você se aproxima dele.

Se você pára completamente é muito mais difícil começar tudo de novo.

Então continue andando e fazendo.

Não desperdice a base que você já construiu.

Existe alguma coisa que você pode fazer agora mesmo, hoje , neste exacto instante.

Pode não ser muito mas vai mantê-lo no jogo.

Vá rápido quando puder.
Vá devagar quando for obrigado.
Mas, seja, lá o que for, continue.
O importante é não parar!